terça-feira, 25 de setembro de 2012

Descarte

A cada dia mais me convenço que é preciso dizer adeus a algumas coisas nossas.
Todo dia eu tenho que me livrar de uma parte de mim para uma nova renascer e se adequar ao meu jeito e aquilo que a sociedade deseja de mim.
Certamente, a mulher que sou hoje é fruto de muitos descartes que fiz ao longo dessa curta vida.
E, com certeza, vou seguir descartando pedaços de mim pelos caminhos que eu vier a trilhar...
Só espero, cá entre nós, que descartar os meus pedaços não sangrem tanto.

sábado, 12 de maio de 2012

Jane ou Marylin...?

 
Marylin Monroe será a imagem da próxima edição do Festival de Cannes, que acontece entre os dias 16 e 27 de maio.

No cartaz do evento (ao lado), que será realizado na Côte D'Azur francesa, Marilyn aparece, em uma foto em preto e branco, soprando a vela de um bolo dentro de uma limusine.A foto em si foi tirada por Otto L. Bettmann. Reproduzindo o que foi dito pelos organizadores do festival, a foto "representa a perfeita encarnação do glamour e do festival, figura de um ideal de simplicidade e elegância". Ressaltaram, inclusive, que Marylin "despertava a imaginação em cada uma de suas aparições".

Neste ano, completam-se 50 anos de sua morte trágica em que foi encontrada morta por overdose de barbitúricos. A morte, em si, já foi bem misteriosa tendo desaperecido o laudo da necrópsia, pessoas ouvindo barulho de helicóptero e sirene de ambulância (antes mesmo da empregada encontrar Marylin).

Mas o que realmente importa, depois de todos esses anos, é o mistério por detrás da lenda que Marylin foi. Ninguém sabe, da fato, a mortal que ela era. O que resta registrado por pessoas que a conheceram, que conviveram com ela é que Marylin Monroe ou Norma Jeane Mortenson (ou Jane, como gostava de ser chamada antes de se tornar Marylin) era encantadora como uma criancinha e sedutora como uma deusa, quando queria.

"...todo mundo está sempre pegando no seu pé. Todos querem uma parte sua. É como se eles tirassem pedaços de você. Acho que eles nem percebem, mas é 'faça isso, faça aquilo..' mas você quer ficar intacta - intacta e sobre dois pés". Marylin Monroe

Na minha opinião, pelo que eu li e pude assistir, ela não era um anjo, nem um demônio. Marylin era perturbada, sim, mas, acredito, que ninguém quis ver isso e ajudá-la de fato e quem pôde não conseguiu fazer isso. Ela era complexa, mas, não, ela não era má pessoa. Ela podia ser o maior símbolo sexual do mundo, mas era extremamente insegura. Era espontânea e esse era o seu talento. Marylin tinha plena consciência do que fazia e das reações que ocasionava, mas para ela tudo era uma grande diversão e ela mergulhava naquilo numa tentativa de se salvar, de ser feliz. Porque feliz, de fato, ela nunca foi de verdade.

"Sou apenas uma garotinha em um grande mundo tentando encontrar alguém para amar". Marylin Monroe

Depois disso, não tenho mais nada a dizer...

domingo, 6 de maio de 2012

Soneto de Maio

 Suavemente Maio se insinua
Por entre os véus de Abril, o mês cruel
E lava o ar de anil, alegra a rua
Alumbra os astros e aproxima o céu.

Até a lua, a casta e branca lua
Esquecido o pudor, baixa o dossel
E em seu leito de plumas fica nua
A destilar seu luminoso mel.

Raia a aurora tão tímida e tão frágil
Que através do seu corpo transparente
Dir-se-ia poder-se ver o rosto

Carregado de inveja e de presságio
Dos irmãos Junho e Julho, friamente
Preparando as catástrofes de Agosto...

(Vinicius de Moraes)

Ah, Vinícius! Seu soneto foi bem pertinente diante da bela super lua de ontem, não?

terça-feira, 1 de maio de 2012

Sabina Spielrein

Onde eu estive durante todo este tempo que eu nunca tinha ouvido falar de uma mulher tão extraordinária? Eu fui assistir o filme "Um Método Perigoso" tendo em mente observar dois grandes ícones da psicanálise como Jung e Freud divergindo entre si, mas fui tomada de surpresa ao me deparar com Sabina. Ela tomou minha atenção durante todo o filme e com o passar do tempo, apesar das discussões acaloradas entre Freud e Jung, foi ela quem roubou a cena para si.

Ela me lembra um pouco um dos personagens de Almodóvar. Uma compilação de anjo e demônio, de força e sensibilidade, feminilidade e masculinidade. Você a vê destroçada e mentalmente perturbada para, logo em seguida, mostrar a força e a inteligência que possui.

Ela foi, certamente, uma mulher muito a frente de seu tempo e se tornou uma das primeiras mulheres psicanalistas do mundo. Acredito, que por ter sido morta pelos nazistas na 2ª Guerra Mundial, ela não pôde fazer história como Jung ou Freud.

Mesmo assim, durante o período em que ainda esteve viva e ativa na psicanálise, ela pôs em prática algumas de suas ideias. Ela, em 1923, criou um jardim de infância em Moscou, na então União Soviética, sendo todas as paredes e as mobílias de cor branca, o que deu o apelido ao lugar de Berçário Branco. A instituição tinha como principal finalidade o rápido amadurecimento crítico e analítico das crianças. O Berçário Branco foi fechado três anos depois por autoridades soviéticas sob a justificativa de que o local provia práticas de perversões sexuais para as crianças. Uma curiosidade muito interessante foi que o próprio Stalin matriculou seu filho,Vassili, neste lugar, mas com um nome falso.

Essas informações que eu citei acima não aparecem no filme, diga-se de passagem. O foco é na relação perturbadora de Sabina e Jung e o quanto isso afetou a vida dos dois, bem como a relação divergente entre Freud e Jung tendo Sabina no meio dela.

Infelizmente, Sabina não escreveu seu nome na história e esteve apagada até então. Sendo, apenas, um nome na lista de pacientes de Freud e uma paciente com quem Jung estabeceleu uma relação afetiva durante um certo período de tempo. Aqui, em "Um Método Perigoso", ela renasce e mostra ao mundo quem de fato ela foi.

sábado, 28 de abril de 2012

Miscelânea

[Do lat. miscellanea.]
S. f.
 1.     Mistura de variadas compilações literárias.
 2.     Volume que se compõe de coleção de estudos afins, escritos por vários autores para homenagear uma pessoa ou instituição em data significativa; poliantéia, miscelânea de homenagem, volume de homenagem.
 3.     Fig.  Mistura de coisas diversas. 

Pois bem, eu cheguei a conclusão que eu sou o sentido figurado de miscelânea. A terceira opção nos significados acima. Por quê? Bom, eu não sei dizer ao certo, mas eu não sou linear. Tudo muito estável me chatea, mas eu preciso de estabilidade. Sou bem moderna, mas sou muito tradicional também. Gosto de adrenalina, mas sou bem calma.
No fim das contas, como eu tentaria me classificar? Eu não faço ideia...

"Eu estou bonita, mas não sou bela.
Tenho pecados, mas não sou o diabo.
Sou boa, mas não um anjo".
Marilyn Monroe

terça-feira, 3 de abril de 2012

Adeus, Amélia?!

As mulheres são os seres mais admiráveis do mundo. É incrível o quanto elas foram subordinadas, exploradas e subestimadas (e, mesmo assim, deram a volta por cima). O fato é que elas têm mostrado ao mundo o quão forte são e que não precisam de homem nenhum para alcançar o sucesso.

Lendo o Blog da Natália Klein recentemente não pude não pensar no texto sobre relacionamentos, carreira e etc: One is the loneliest number. Vivemos numa sociedade que preza muito mais pela individualidade do que a sociedade do tempo dos nossos pais, por exemplo (quiçá dos nossos avós). Mulheres já não são mais donas de casa que esperam ansiosamente pelos seus maridos ou jovens assíduas esperando o tal pedido de casamento. Não somos mais preparadas desde meninas a cozinhar, lavar, passar e etc (falando a verdade: eu não sou lá essas coisas na maioria dessas tarefas citadas).

Há alguns anos atrás (não muitos, devo dizer), eu tinha um discurso bem "Amélia" mesmo. E, com o passar do tempo, eu não quis mais ser a Amélia de homem nenhum. Fui percebendo que o ser humano é muito maquiavélico, dissimulado e, na maioria das vezes, idiota (digo ser humano pra não dizer "homens" - afinal, mulheres também são assim). O ponto é que, por mais independente que a mulher possa ser hoje em dia, homens e mulheres continuam muito diferentes (na grande maioria das vezes). Fazendo uma análise sociológica das relações das minhas amigas (fazendo, inclusive, uma retrospectiva das minhas próprias relações mal sucedidas), eu posso dizer que elas mergulham de cabeça naquele relacionamento que estão tendo e, passado algum tempo, o resultado, geralmente, é o desaparecimento repentino do cara, um fora tácito (ou não) e tudo o mais.

Eles, infelizmente (ou não), ainda são criados para o desapego enquanto as mulheres ainda querem o chamado "algo mais" ou relacionamento sério ou qualquer coisa que você quiser chamar isso. O fato, é que isto vai alcançando um nível de necessidade assustadora com o passar do tempo (e isso vai depender de mulher para mulher). Claro que isso acontece com o homem também. O problema é que o tempo para os homens demoram duas vezes mais para alcançar esse tal nível desesperador.

Apesar da revolução feminista, da queima dos sutiãs, da liberação do sexo, da reprodução independente... Toda mulher ainda tem um pouco de Amélia. Ou é cuidadosa e gosta de ser cuidada, e/ou gosta de cozinhar, lavar, passar e/ou então quer ter o tal do alguém ao seu lado. O alguém. Esse é o "x" da questão para a maioria das mulheres.

Homens reclamam que as mulheres são complicadas, mas se eles parassem um pouquinho para analisar a história das mulheres a conclusão seria muito fácil. As mulheres querem independência pelo medo da subordinação dos séculos anteriores, mas, também, querem ser cuidadas, mimadas, receber galanteios e ter aquilo que se chama de companherismo. Afinal, as mulheres ainda são frágeis e sentimentais (por mais fortes que aparentem).Assim, pela própria natureza da mulher, para um homem que respeite seus limites e seus anseios, por quê não ser um pouco Amélia pra ele se ele for um pouco Amélia para ela?