sábado, 17 de outubro de 2009

Reescrevendo a história!

Em 1992-1993 no oeste do rio Awash, Depressão de Afar e Aramis na Etiópia, foram encontrados 17 fosséis de um hominídeo datando de 4,4 milhões de anos. Foi uma descoberta chocante no mundo da ciência.

O mais interessante, entretanto, foi se desdobrando com o passar de um estudo extremamente cuidadoso de dezessete anos. Reconstruindo a partir dos fósseis e da ajuda da ciência combinada com a tecnologia, surgiu o possível ancestral mais antigo do homem: O Ardipithecus ramidus.

No dia primeiro de Outubro de 2009, paleontologistas anunciaram a descoberta de uma Ardipithecus relativamente completa da subespécie ramidus - depois de longos dezessete anos de estudo. São os restos de uma fêmea intitulada de Ardi. Por suas características peculiares, Ardi não pôde ser encaixada na espécie de Australopithecus, como a conhecida fêmea Lucy. Ardi era ligeiramente inferior a Lucy, mas possuía duas vezes seu peso. Embora não se saiba se a espécie de Ardi desenvolveu os Homo sapiens, a descoberta é de grande importância visto que Ardi é o mais antigo e completo fóssil conhecido de hominídeos.

Cerca de um milhão de anos mais velha que Lucy (a ancestral mais antiga do homem até então) a fêmea Ardi começou o que eu creio ser uma grande revolução em todos os livros de história. Primeiramente, Ardi não era um macaco nem um humano. Possuía um crânio pequeno, media cerca de 1,20m de altura e pesava 55 kg.

Entretanto, seus pés eram mais semelhantes aos símios que aos humanos. Então como Ardi era bípede? Por quê era bípede? Os cientistas perceberam que algo bizarro ocorria; Ardi ia de encontro a todo o conceito de evolução que até então tinham como correta. Ardi não podia ser visualizada pela ciência antes; apenas agora.

Com aqueles pés Ardi podia agarrar coisas no chão como um macaco, contudo Ardi andava apenas com eles dois. Suas mãos, diferentemente dos símios, não possuíam nós que possibilitavam o andar de quatro patas. Outra diferença marcante são os caninos. Essa nova espécie descoberta possuía caninos pequenos inclusive nos machos, diferentemente dos chimpanzés atuais.

Com a descoberta de Ardi, paleoarqueólogos e cientistas do mundo todo juntaram-se pela busca de mais evidências nos solos da Etiópia. Dezessete anos de estudos contínuos e de busca por toda e qualquer evidência fossilizada possibilitou uma reconstrução aproximada de Ardi e do mundo em que ela viveu. Descobriu-se que a Etiópia, há 4,4 milhões de anos, não era uma savana e sim uma floresta densa de árvores altas. Isso pôs em cheque uma teoria evolucionista que afirmava que as savanas haviam poporcionado um ambiente extremamente propício para que nossos ancestrais se tornassem bípedes; visto a possibilidade de olhar por sobre alturas maiores e alcançar frutos com mais facilidade.

Contudo, Ardi vivia numa floresta densa. Era bípede e cujos machos de sua subespécie - Ardipithecus ramidus - possuíam caninos pequenos. Em tese, ambas características não trariam vantagens. Animais quadrúpedes são mais rápidos e caninos maiores e mais fortes possibilitam uma defesa maior. Entretanto deveria ter existido vantagens extremamente significativas para que a evolução tomasse tal rumo. Hoje, vemos que os chimpanzés e gorilas estão quase a beira da extinção, limitando-se a pequenas áreas, enquanto os humanos ocupam todo o planeta. Cientistas criaram uma teoria de que o fato de ser bípede trazia a vantagem da coleta de alimentos. As fêmeas eram atraídas pelo macho que coletasse mais e não por aquele que possuía caninos maiores. Isso possibilitava uma alimentação farta tanto para as fêmeas quanto para os filhotes possibilitando, inclusive, mais encontros sexuais e, portanto, mais nascimentos.

Darwin afirmava que éramos uma evolução dos chimpanzés pela aparência e inteligência semelhantes. Na época, sem uma prova visual, Darwin foi ridicularizado. Apesar de não sermos a evolução dos chimpazés; apesar de que hoje temos conhecimento de que são duas evoluções diferentes, sabemos que Darwin não estava de todo errado.

Recentemente, em 2001, descobriu-se um novo fóssil de um novo hominídeo, um ancestral um milhão de anos mais velho que Ardi: O Ardipithecus kadabba. Esta subespécie viveu cerca de 5,54 e 5,77 milhões de anos atrás.

O doutor Haile-Salassie descreve o Ardipithecus kadabba como a provável primeira éspecie do ramo até os humanos, logo após a separação evolutiva da linhagem comum com os chimpanzés. Pelas descobertas do Ardipithecus ramidus e o Ardipithecus kadabba, estima-se que o primeiro ancestral comum entre os chimpanzés e os humanos deva ter em média 6 a 7 milhões de anos.

Por curiosidade: Neste ano de 2009 comemoram-se os 200 anos do nascimento de Charles Darwin e também os 150 anos da publicação do livro "A Origem das Espécies por meio da Seleção Natural". Coincidência, não?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

As Olimpíadas de 2016

Primeiramente devo dizer que não sou nem pró Lula nem contra Lula. Acho que qualquer forma de radicalismo é ruim porque não aceita opiniões diversas, não tem uma abertura geral da situação, da realidade e isso é péssimo tanto para a pessoa radical em si, que se torna extremamente alienada, quanto para a sociedade em geral. Mas devo dizer também que, particularmente, identifico-me bem mais com a esquerda do que com a direita. Esclarecida, então, a minha visão política vamos a minha humilde opinião sobre as Olimpíadas de 2016.

Quando soube que as Olimpíadas seriam no Rio de Janeiro a primeira reação que tive foi neutra. Nem fiquei feliz e saltitante e nem triste e cabisbaixa. Disse à mim mesma: "Antes de tudo vou analisar as consequências políticas disso para o Brasil, favoráveis ou não". Afinal, não sou letrada em política e ainda não sei o que juridicamente as Olimpíadas iam representar para o nosso país internacionalmente.

Esperei até o dia seguinte, pois teria aula de Ciência Política e nada melhor do que esclarecer essas dúvidas com o meu professor. A aula daquele dia era sobre democracia e, no meio dela, meus colegas dispararam a perguntar sobre as Olimpíadas de 2016 no Rio (nem precisei esperar o fim da aula). Meu professor é extremamente humilde e a aula dele, para mim, com certeza, é a melhor de todas. Ele deu de ombros e disse mais ou menos assim:

"Bom, para o Rio de Janeiro as Olimpíadas serão excelentes, mas para o resto do Brasil não creio que será o mesmo. A partir do momento em que o Rio de Janeiro foi escolhido para ser sede das Olimpíadas, o Brasil teve que assinar um contrato internacional no qual ele se responsabiliza por melhorar, consideravelmente, os meios de transporte, os pontos turísticos e a violência no Rio de Janeiro. Caso não sejam feitas tais melhoras, ele sofrerá uma pena internacional pré-estabelecida. Obviamente que o Brasil não irá querer sofrer essa penalidade de caráter internacional, portanto, em longo prazo, as arrecadações feitas pelo Estado brasileiro irá em boa parte para o estado do Rio de Janeiro. As verbas já são muito mal distribuídas e isso irá se intensificar. O Brasil inteiro vibrou, mas o cidadão que vive, por exemplo, na Amazônia mal sabe que a verba que ia para o seu estado será potencialmente desviada para o Rio de Janeiro".

Uma aluna perguntou, nesse momento, o que o governo Lula deixará para o Brasil no fim das contas.

"Entre todos os governos desde 1988, com certeza, o governo Lula foi o que mais investiu em ações sociais. Mesmo que esse negócio de bolsa família seja mais uma medida eleitoreira que social, relembremos nossos presidentes anteriores: Sarney, Collor, Itamar, FHC.
Por exemplo, vejamos as universidades públicas. Elas estavam em caos! E na era FHC muitos diziam que seria o fim das universidades federais e estaduais. Alguns até pensaram em estipular uma mensalidade que seria paga por todos aqueles que não entrassem pelas cotas e isso só não ocorreu porque os estudantes de dentro das universidades se rebelaram.
O fato é que a Universidade Federal (que antigamente mal conseguia pagar a conta de luz, água e o papel higiênico - posso dizer isso com todo embasamento, pois naquela época eu era professor da Universidade Federal da Bahia) hoje pensa em finalmente, depois de um congelamento de mais de onze anos, aumentar o salário dos professores, incentivá-los à pesquisa e melhorar as condições da infraestrutura das universidades. Além disso, o número de universitários dobrou e, mesmo que eu ainda diga que a escola pública deveria ter sido o primeiro local - pois é a base - para sofrer esse tipo de estatística, ainda sim não deixa de ser uma melhora".

Depois disso não pude fazer outra coisa a não ser concordar com o que ele disse (em tudo). Eu mesma, por exemplo, sou filha de dois professores da UFBA e lembro daquela época como se fosse hoje. Uma época de vacas magras - de greves constantes e de insatisfações (de alunos e professores). Hoje, entratanto, as coisas vem melhorando vertiginosamente. E não é preciso ser filha de professores da Universidade Federal, ser o próprio professor ou aluno para ver o óbvio.

Discutir política, de fato, é uma arte que deveria ser uma capacidade inerente a todos, mas que infelizmente não é. Creio eu que política não é impulsividade, mas sim uma análise profunda de benefícios ou maléficios a curto ou longo prazo. É rever historicamente erros e acertos e tentar fazer diferente em prol de você mesmo, em prol do próximo e de todos que estão por vir.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Querida infância...

Hoje é um dia especial. Homenageando esses pequenos seres que um dia serão grandes: nossas crianças (nosso futuro).

Minha mãe sempre disse que não há sensação melhor do que a de abraçar uma criança e senti-la estreitando os seus bracinhos sobre nós. Creio que ela tem razão. A energia de pureza e inocência, além da magia encantadora de acreditar num mundo lindo e surreal são exclusividade dessa fase maravilhosa chamada infância.

Hoje peguei-me relembrando de mim mesma quando pequena; tão cheia de sonhos e fantasias. Naturalmente tive que crescer e muitos desses mesmos sonhos e fantasias perderam-se no tempo ficando, entretanto, a nostagia e a doçura da lembrança. Ainda conservo dentro de mim alguns resquícios da criança que eu fui outrora e que ainda vibra, corre, brinca, ri de bobagens, que não gosta de calúnias, mentiras e vive o momento com plenitude.

Tornar-se adulto é inevitável, porém pra quê mudar o que há de bom existente na crinça que um dia você foi? Para quê tornar-se sempre sério quando você pode gargalhar e sentir as bochechas e a barriga doerem de alegria?

Às vezes, em meio a inocência de uma criança existe uma maturidade incrível; uma visão que muitos perdem com o passar dos anos: a sensibilidade.

Assista:

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sensação de dever cumprido

Ontem foi o último dia de apresentação do minicurso sobre Bullying em que eu e mais alguns colegas ministramos. Estávamos cansados e queríamos terminar logo. A escola pública na qual ficamos responsáveis era na Cidade Baixa, ou seja, extremamente longe do lugar onde estudávamos ou morávamos. Nesses cinco dias de aula foi uma tarefa árdua se deslocar da Cidade Alta para a Cidade Baixa... Extremamente árdua.

Mas ontem, quando finalmente demos por encerrado o minicurso, a sensação que se apoderou sobre mim foi maravilhosa. Aqueles adolescentes naquele dia estavam atentos e pareciam beber nossas palavras. Na parte das dinâmicas eles participaram e respeitaram a vez do outro. Mesmo que a gente não tenha conseguido alcançar uma conscientização plena em todos, sinto que uma sementinha foi plantada e uma melhora aconteceu. Ao menos agora eles sabem das consequências de seus atos...

Todos os meus colegas sentiram o mesmo. Estávamos cansados, mas felizes. Mesmo com todas as adversidade, os problemas com o equipamento de áudio-visual, o estresse para fazermos tudo a tempo; sabemos que fizemos o melhor que podíamos.

Ministrar esse minicurso ajudou, consideravelmente, a tirar o meu tempo livre, dificultar os meus estudos na faculdade, impossibilitar-me de atualizar o meu blog e ler os blogs amigos... Mas, mesmo assim, algo muito maior ficou, algo que não sei dizer o que é, mas que mexeu comigo. Foi difícil, muito difícil, mas vi uma realidade totalmente diferente da minha e agora sinto-me mais apta para escrever sobre eles, pensar sobre eles e, até mesmo, criticar nosso sistema educacional.

Um sistema educacional precário que não incentiva a sede de conhecimento dos jovens, muito pelo contrário, até desestimula. Ao mesmo tempo, entretanto, vi que a vice-diretora e alguns funcionários daquela escola eram doces de pessoas que fizeram de tudo para que ministrássemos nossas aulas com o material que havíamos preparado, mesmo com todos os problemas que apereceram. Portanto, creio que há esperança e sei que sempre haverá enquanto houverem pessoas dispostas a fazerem a diferença.