terça-feira, 13 de outubro de 2009

As Olimpíadas de 2016

Primeiramente devo dizer que não sou nem pró Lula nem contra Lula. Acho que qualquer forma de radicalismo é ruim porque não aceita opiniões diversas, não tem uma abertura geral da situação, da realidade e isso é péssimo tanto para a pessoa radical em si, que se torna extremamente alienada, quanto para a sociedade em geral. Mas devo dizer também que, particularmente, identifico-me bem mais com a esquerda do que com a direita. Esclarecida, então, a minha visão política vamos a minha humilde opinião sobre as Olimpíadas de 2016.

Quando soube que as Olimpíadas seriam no Rio de Janeiro a primeira reação que tive foi neutra. Nem fiquei feliz e saltitante e nem triste e cabisbaixa. Disse à mim mesma: "Antes de tudo vou analisar as consequências políticas disso para o Brasil, favoráveis ou não". Afinal, não sou letrada em política e ainda não sei o que juridicamente as Olimpíadas iam representar para o nosso país internacionalmente.

Esperei até o dia seguinte, pois teria aula de Ciência Política e nada melhor do que esclarecer essas dúvidas com o meu professor. A aula daquele dia era sobre democracia e, no meio dela, meus colegas dispararam a perguntar sobre as Olimpíadas de 2016 no Rio (nem precisei esperar o fim da aula). Meu professor é extremamente humilde e a aula dele, para mim, com certeza, é a melhor de todas. Ele deu de ombros e disse mais ou menos assim:

"Bom, para o Rio de Janeiro as Olimpíadas serão excelentes, mas para o resto do Brasil não creio que será o mesmo. A partir do momento em que o Rio de Janeiro foi escolhido para ser sede das Olimpíadas, o Brasil teve que assinar um contrato internacional no qual ele se responsabiliza por melhorar, consideravelmente, os meios de transporte, os pontos turísticos e a violência no Rio de Janeiro. Caso não sejam feitas tais melhoras, ele sofrerá uma pena internacional pré-estabelecida. Obviamente que o Brasil não irá querer sofrer essa penalidade de caráter internacional, portanto, em longo prazo, as arrecadações feitas pelo Estado brasileiro irá em boa parte para o estado do Rio de Janeiro. As verbas já são muito mal distribuídas e isso irá se intensificar. O Brasil inteiro vibrou, mas o cidadão que vive, por exemplo, na Amazônia mal sabe que a verba que ia para o seu estado será potencialmente desviada para o Rio de Janeiro".

Uma aluna perguntou, nesse momento, o que o governo Lula deixará para o Brasil no fim das contas.

"Entre todos os governos desde 1988, com certeza, o governo Lula foi o que mais investiu em ações sociais. Mesmo que esse negócio de bolsa família seja mais uma medida eleitoreira que social, relembremos nossos presidentes anteriores: Sarney, Collor, Itamar, FHC.
Por exemplo, vejamos as universidades públicas. Elas estavam em caos! E na era FHC muitos diziam que seria o fim das universidades federais e estaduais. Alguns até pensaram em estipular uma mensalidade que seria paga por todos aqueles que não entrassem pelas cotas e isso só não ocorreu porque os estudantes de dentro das universidades se rebelaram.
O fato é que a Universidade Federal (que antigamente mal conseguia pagar a conta de luz, água e o papel higiênico - posso dizer isso com todo embasamento, pois naquela época eu era professor da Universidade Federal da Bahia) hoje pensa em finalmente, depois de um congelamento de mais de onze anos, aumentar o salário dos professores, incentivá-los à pesquisa e melhorar as condições da infraestrutura das universidades. Além disso, o número de universitários dobrou e, mesmo que eu ainda diga que a escola pública deveria ter sido o primeiro local - pois é a base - para sofrer esse tipo de estatística, ainda sim não deixa de ser uma melhora".

Depois disso não pude fazer outra coisa a não ser concordar com o que ele disse (em tudo). Eu mesma, por exemplo, sou filha de dois professores da UFBA e lembro daquela época como se fosse hoje. Uma época de vacas magras - de greves constantes e de insatisfações (de alunos e professores). Hoje, entratanto, as coisas vem melhorando vertiginosamente. E não é preciso ser filha de professores da Universidade Federal, ser o próprio professor ou aluno para ver o óbvio.

Discutir política, de fato, é uma arte que deveria ser uma capacidade inerente a todos, mas que infelizmente não é. Creio eu que política não é impulsividade, mas sim uma análise profunda de benefícios ou maléficios a curto ou longo prazo. É rever historicamente erros e acertos e tentar fazer diferente em prol de você mesmo, em prol do próximo e de todos que estão por vir.

3 comentários:

  1. E eu já acho que política devia ser ensinada desde o começo da nossa vida escolar. (Não necessariamente "ensinada", mas explanada... Você me entendeu.)

    Não me sinto pronta pra escolher quem vai me governar, não me sinto propensa a apoiar nem direita nem esquerda e acho que o voto nulo é a saída pra todos esses meus problemas, porque não consigo confiar em político nenhum.

    Quanto às Olimpíadas do Rio... Acho que é muito dinheiro empregado em algo - vamos encarar - supérfluo.
    É como se na nossa casa estívessemos todos passando fome e comprando um aparelho de Blu-Ray. #prontofalei

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  2. Querida, seu post ficou excelente, uma verdadeira reflexão sobre o momento de "oba oba" que estão fazendo em cima da Olimpiada.
    Não acho que seja legal.....não acho que seja o momento.....não acho o Rio o local ideal.
    E.....não gosto do Lula, apesar de reconhecer algumas políticas públicas dele como verdadeiramente eficazes. mas a história do bolsa família me incomoda MUITO. É como se ele pagasse pelo voto, com uma quantia mensal.....dar dinheiro não é, nem nunca foi a solução. Essa política assistencialista e eleitoreira, me incomoda DEMAIS.
    Bj

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  3. Para o Rio vei ser ótimo mas acho que o Brasil deveria ter outras prioridades.
    Já não basta a Copa do Mundo ?

    Bjs.
    Elvira

    http://evipensieri.wordpress.com/

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