sábado, 12 de maio de 2012

Jane ou Marylin...?

 
Marylin Monroe será a imagem da próxima edição do Festival de Cannes, que acontece entre os dias 16 e 27 de maio.

No cartaz do evento (ao lado), que será realizado na Côte D'Azur francesa, Marilyn aparece, em uma foto em preto e branco, soprando a vela de um bolo dentro de uma limusine.A foto em si foi tirada por Otto L. Bettmann. Reproduzindo o que foi dito pelos organizadores do festival, a foto "representa a perfeita encarnação do glamour e do festival, figura de um ideal de simplicidade e elegância". Ressaltaram, inclusive, que Marylin "despertava a imaginação em cada uma de suas aparições".

Neste ano, completam-se 50 anos de sua morte trágica em que foi encontrada morta por overdose de barbitúricos. A morte, em si, já foi bem misteriosa tendo desaperecido o laudo da necrópsia, pessoas ouvindo barulho de helicóptero e sirene de ambulância (antes mesmo da empregada encontrar Marylin).

Mas o que realmente importa, depois de todos esses anos, é o mistério por detrás da lenda que Marylin foi. Ninguém sabe, da fato, a mortal que ela era. O que resta registrado por pessoas que a conheceram, que conviveram com ela é que Marylin Monroe ou Norma Jeane Mortenson (ou Jane, como gostava de ser chamada antes de se tornar Marylin) era encantadora como uma criancinha e sedutora como uma deusa, quando queria.

"...todo mundo está sempre pegando no seu pé. Todos querem uma parte sua. É como se eles tirassem pedaços de você. Acho que eles nem percebem, mas é 'faça isso, faça aquilo..' mas você quer ficar intacta - intacta e sobre dois pés". Marylin Monroe

Na minha opinião, pelo que eu li e pude assistir, ela não era um anjo, nem um demônio. Marylin era perturbada, sim, mas, acredito, que ninguém quis ver isso e ajudá-la de fato e quem pôde não conseguiu fazer isso. Ela era complexa, mas, não, ela não era má pessoa. Ela podia ser o maior símbolo sexual do mundo, mas era extremamente insegura. Era espontânea e esse era o seu talento. Marylin tinha plena consciência do que fazia e das reações que ocasionava, mas para ela tudo era uma grande diversão e ela mergulhava naquilo numa tentativa de se salvar, de ser feliz. Porque feliz, de fato, ela nunca foi de verdade.

"Sou apenas uma garotinha em um grande mundo tentando encontrar alguém para amar". Marylin Monroe

Depois disso, não tenho mais nada a dizer...

domingo, 6 de maio de 2012

Soneto de Maio

 Suavemente Maio se insinua
Por entre os véus de Abril, o mês cruel
E lava o ar de anil, alegra a rua
Alumbra os astros e aproxima o céu.

Até a lua, a casta e branca lua
Esquecido o pudor, baixa o dossel
E em seu leito de plumas fica nua
A destilar seu luminoso mel.

Raia a aurora tão tímida e tão frágil
Que através do seu corpo transparente
Dir-se-ia poder-se ver o rosto

Carregado de inveja e de presságio
Dos irmãos Junho e Julho, friamente
Preparando as catástrofes de Agosto...

(Vinicius de Moraes)

Ah, Vinícius! Seu soneto foi bem pertinente diante da bela super lua de ontem, não?

terça-feira, 1 de maio de 2012

Sabina Spielrein

Onde eu estive durante todo este tempo que eu nunca tinha ouvido falar de uma mulher tão extraordinária? Eu fui assistir o filme "Um Método Perigoso" tendo em mente observar dois grandes ícones da psicanálise como Jung e Freud divergindo entre si, mas fui tomada de surpresa ao me deparar com Sabina. Ela tomou minha atenção durante todo o filme e com o passar do tempo, apesar das discussões acaloradas entre Freud e Jung, foi ela quem roubou a cena para si.

Ela me lembra um pouco um dos personagens de Almodóvar. Uma compilação de anjo e demônio, de força e sensibilidade, feminilidade e masculinidade. Você a vê destroçada e mentalmente perturbada para, logo em seguida, mostrar a força e a inteligência que possui.

Ela foi, certamente, uma mulher muito a frente de seu tempo e se tornou uma das primeiras mulheres psicanalistas do mundo. Acredito, que por ter sido morta pelos nazistas na 2ª Guerra Mundial, ela não pôde fazer história como Jung ou Freud.

Mesmo assim, durante o período em que ainda esteve viva e ativa na psicanálise, ela pôs em prática algumas de suas ideias. Ela, em 1923, criou um jardim de infância em Moscou, na então União Soviética, sendo todas as paredes e as mobílias de cor branca, o que deu o apelido ao lugar de Berçário Branco. A instituição tinha como principal finalidade o rápido amadurecimento crítico e analítico das crianças. O Berçário Branco foi fechado três anos depois por autoridades soviéticas sob a justificativa de que o local provia práticas de perversões sexuais para as crianças. Uma curiosidade muito interessante foi que o próprio Stalin matriculou seu filho,Vassili, neste lugar, mas com um nome falso.

Essas informações que eu citei acima não aparecem no filme, diga-se de passagem. O foco é na relação perturbadora de Sabina e Jung e o quanto isso afetou a vida dos dois, bem como a relação divergente entre Freud e Jung tendo Sabina no meio dela.

Infelizmente, Sabina não escreveu seu nome na história e esteve apagada até então. Sendo, apenas, um nome na lista de pacientes de Freud e uma paciente com quem Jung estabeceleu uma relação afetiva durante um certo período de tempo. Aqui, em "Um Método Perigoso", ela renasce e mostra ao mundo quem de fato ela foi.