sábado, 29 de agosto de 2009

A Montanha e o Rio

Estive com sorte ao finalizar a leitura de um livro encantador nessas férias de Junho e Julho. Eu o tinha visto na livraria e a capa me chamou a atenção. Comecei, então, a folheá-lo e fiquei encantada: tive que comprá-lo!

Não me decepcionei de forma alguma. O livro é fascinante e o autor, Da Chen, o faz fluir de uma maneira incrível. Quando me dei conta não conseguia fazer outra coisa senão acordar e pegá-lo logo para ler. Fui até tachada de antisocial pela minha família por causa desse livro (risos).

"A Montanha e o Rio" se desenrola na China dos anos 60 e a história é contada pela perspectiva de dois irmãos: Tan e Shento. Em cada capítulo ou Tan ou Shento conta a sua versão da história que vai evoluindo através dos anos e da maturidade dos irmãos.

Filhos do mesmo pai e de mães diferentes: Tan é o filho primogênito do grande general Ding Long e de uma pianista; uma linda mulher vinda de uma família também muito influente. Shento, por sua vez, é bastardo e filho de um relacionamento cladestino de Ding Long com uma bela camponesa.

A história começa logo pela perspectiva de Shento contando sobre as dificuldades de seu nascimento e da rejeição que marcou sua vida quando ainda nem sequer havia vindo ao mundo.

O mais interessante, porém, é que o romance tem como cenário os tempos de ditadura de Mao Tsé Tung e conta com uma riqueza de detalhes todas as injustiças, a pobreza e a falsa planificação de um governo comunista violento e repressor. Também relata a queda do governo Mao, a ascenção de outro presidente, Heng Tu, e a mudança na economia que lentamente passava a se abrir para o mundo enquanto o lado social e político ainda eram severamente mantidos em rédeas curtas.

A mistura da ficção, da realidade histórica, do romance e da dor de dois irmãos atingidos por um modelo político impiedoso e sutil me mantiveram cativa do livro até o final. É impossível criar um único vínculo com Shento ou com Tan. Os dois sofrem de maneiras diferentes e acabam se apaixonando por uma mesma mulher: Sumi.

Sumi é dona de uns poucos capítulos no livro e também relata neles a sua perspectiva da situação, a sua confusão emocional e moral, além da luta silenciosa que ela trava contra o governo comunista chinês...

Enquanto a história se desenvolve, cada personagem envereda por caminhos diferentes. Caminhos, entretanto, que levam a uma encruzilhada em que cada um deles terá que se deparar um com o outro.

O autor pesquisou muito o contexto histórico para criar um romance realista e ele conseguiu. O romance ganha vida através de seus personagens e dos detalhes que o autor faz questão de realçar. Só posso dizer que este foi, com certeza, um dos melhores livros que já li.

"Apaixonada por dois irmãos! Eu amaldiçoava o meu próprio destino, as três facas cravadas nele. Quem eu deveria escolher? Shento, com sua crueza da gente das montanhas e sua sede desesperada? Ou Tan, com o coração amoroso que tranquilizava minha mente, sem deixar espaço para a mágoa e a solidão, fazendo com que eu não precisasse de mais nada? Um morreria por mim. O outro não viveria sem mim". - Sumi

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Amor platônico e o fim de um ciclo

Lá estava eu no auge de meus 14 anos bem perto de fazer 15. Era uma quinta-feira ensolarada, porém era um dia atípico no meu colégio e todos estavam eufóricos; ao invés de termos a última aula do dia nós teríamos algo parecido com uma palestra no teatro da Escola.

Eu não sabia o que estava acontecendo e tão pouco me importava. Achava legal e estava contente com uma aula diferente, mas não sabia sobre o que seria e nem quem seria o palestrante.

Eu peguei minha bolsa, meus materiais e junto com minhas amigas fomos para o teatro. Lembro-me muito bem que sentei na segunda fileira do canto direito, ou seja, eu ia ver perfeitamente o palestrante dalí.

Conversando com algumas meninas, momentos antes da palestra começar, soube que o palestrante era um cartunista famoso e obviamente me empolguei quando soube. Fiquei muito ansiosa quando ele apareceu de costas, ainda falando com nossa coordenadora.

De repente ele virou e, ao invés de subir para o palco, ficou na platéia com o microfone na mão. Naquele momento a única coisa que veio na minha cabeça foi: "Lindo!". Ele era, na minha concepção ingênua, o homem mais maravilhoso que já havia visto na vida.

Fiquei fixamente olhando, sem conseguir desviar o foco sequer um minuto enquanto ele gesticulava e conversava brincando conosco. Ele sorria com um brilho nos olhos enquanto falava sobre o prazer de desenhar, de fazer o que gosta e da necessidade de conscientizar as pessoas através de seu trabalho. E quanto mais ele falava mais encantada eu ficava...

Ele era tudo o que eu, uma garota madura de 14 anos (pelo menos era assim que eu me considerava), havia sonhado: jovem, idealizador, bonito, maduro e inteligente. O que mais eu poderia querer?

Quando a palestra terminou eu não resisti ao impulso de me aproximar e senti uma raiva dentro de mim quando vi que outras meninas também não haviam resistido. Eu fulminei cada uma delas com meu olhar discreto enquanto eu ainda o via sorrir e falar com uma simplicidade encantadora.

De repente, eu percebi estarrecida que eu estava tendo o meu primeiro amor platônico. Nunca antes havia me sentido tão encantada por alguém. Quando a ficha caiu eu me senti imatura...

Eu sempre havia dito que amor platônico não existia, que era uma ilusão criada por uma pessoa infântil que ainda sonhava com contos-de-fada. Para a minha surpresa o feitiço havia virado contra o feiticeiro. Eu, na verdade, era a pessoa infantil que ainda sonhava com contos-de-fada...

Me envergonhei, mas continuei olhando fixamente para ele enquanto falava algumas poucas vezes sobre a palestra. Ele, de repente, deu um sorriso aberto para mim e perguntou-me se eu ia para a Bienal do Livro. Eu senti meu coração disparar e minhas bochechas ruborizarem quando percebi que a pergunta era direcionada a minha pessoa. Eu respondi um tímido "sim" e ele sorriu mais abertamente ainda mandando-me procurá-lo em seu estande. Eu só pude sorrir de volta, abobalhada, enquanto sentia uma felicidade sem tamanho crescer dentro do peito. Eu sempre havia amado a Bienal do Livro e naquele momento havia surgido mais um motivo para amá-la ainda mais.

Saí do teatro com uma cara de quem havia ganhado na Mega Sena. Eu contei para as minhas amigas e elas riram me dizendo que não o havim achado tão incrível assim, mas eu não me importei. Ele era, para mim, maravilhoso.

Naquele mesmo dia, descobri que ele era o tio de uma das minhas amigas com quem eu conversava as vezes. Descobri, também, que ele tinha 24 anos e para mim foi um choque. Ele era jovem, mas definitivamente não para a minha pessoa. Eu tinha apenas 14 anos e ainda nem havia sequer entrado no Ensino Médio. A minha cabeça, naquele instante, sentenciou que ele nunca ia me ver como mulher.

Fiquei desconsolada e decidi manter, de fato, um amor platônico: olhando-o e admirando-o a distância até crescer e ter meus 18 anos quando ele, finalmente, veria a mulher que eu havia me transformado. Aquele era meu plano e com o tempo foi esquecido. Continuei a ir para a Bienal do Livro, a vê-lo e conversar algumas poucas vezes com ele, mesmo quando eu tinha que lembrá-lo de onde ele me conhecia...

Hoje, eu tenho 18 anos e descobri, por coincidência, que aquele meu primeiro amor platônico está namorando e teve um filho neste mesmo ano. Não pude deixar de sentir uma dorzinha e, ao mesmo tempo, uma nostalgia gostosa quando eu lembrei do meu inocente plano de quatro anos atrás e de como o mundo sempre dá voltas...

*Quadro do início do post de Josephine Wall - Prelude to a Kiss

sábado, 15 de agosto de 2009

CECI

Primeiramente eu gostaria de pedir desculpas! Estou sem tempo de passar nos blogs que normalmente leio e eu fico tão agoniada quando vejo as atualizações e a falta de tempo para ler. Eu fico aqui morrendo de vontade (virou um vício - risos) de ver os posts, de comentar... Ai que tortura! Minha faculdade ta me tirando o couro, mas vou ler com calma e com muito carinho ainda essa semana!

Novidades! Fiz minha inscrição no CECI (Centro de Cidadania) no qual eu vou dar aulas para adolescentes carentes de escolas públicas. Estou tão empolgada!

Já foi decidido que vou dar um curso de 5 dias com mais cinco participantes no meu grupo. O tema será "bullying" e achei maravilhoso poder falar sobre isso. Fiquei espantada com a quantidade de informações e possibilidades que poderemos fazer com este tema que é algo que ocorre muito nas escolas independentemente se for pública ou privada.

No início eu queria poder falar sobre meio ambiente e sustentabilidade, mas acho bullying igualmente interessante e algo mais próximo desses adolescentes. Percebi nesse meio tempo que muita gente não sabe o que é o bullying: minha mãe, por exemplo, não sabia e ela é uma professora universitária.

A culpa não é dela. O bullying é um tema que surgiu recentemente e que também foi nomeado recentemente. Nem sequer temos uma tradução própria para essa palavra em português.

O ato de violência física ou psicológica contra uma pessoa pode ser chamado de bullying. Bully significa com algo próximo de "valentão" e bullying o ato de intimidação.

Quem nunca sofreu com o bullying que atire a primeira pedra! Um apelido pejorativo quando criança, um insolamento proposital dos coleguinhas ou difamação.

O bullying pode apresentar-se como uma brincadeira de mal gosto sem muitas consequências, mas não é bem assim. A vítima do bullying pode sofrer traumas que vão durar para sempre ou até cometer atos extremos como o "bullycídio" ou atos de revolta como aquele visto na escola de Columbine nos Estados Unidos.

Já estabelecemos o esquema de aulas e segunda vamos começar a dividir o trabalho. No momento estamos só na fase das pesquisas. Em alguns dias de apresentação também seremos avaliados por uma banca examinadora e, com isso, concorreremos ao prêmio jurídico Adroaldo Leão além das 40 horas de atividades extra-curriculares (risos). Torçam por mim!

domingo, 2 de agosto de 2009

Ajudar é sempre muito bom

Eu estava no computador (cheia de coisas pra fazer, diga-se de passagem) mas a tentação foi grande demais e li o post da Lola (que sempre traz questões muito interessantes para debate e eu adoro participar!) sobre a Semana Mundial da Amamentação.

Nunca antes havia tido consciência sobre o assunto. A mídia não faz muita questão de falar sobre isso e eu me senti tocada ao ler e tomar conhecimento. E, agora, estou orgulhosamente participando da Postagem Coletiva sobre a Semana Mundial da Amamentação. Começou no dia 1 e vai até o dia 7 de Agosto.

Quem está organizando é a Denise pelo terceiro ano consecutivo. Lendo o post da Lola eu pude também conhecer este outro blog maravilhoso! A Denise foi a primeira responsável pela coordenação da Semana Mundial da Amamentação no Brasil em 93 e depois ela coordenou o evento, internacionalmente, entre 97 e 99. Nossa! Fiquei besta e admirada quando li tudo isso no blog dela.

A iniciativa está sendo um sucesso! E eu não preciso dizer a importância da Campanha. O aleitamento materno é o ato mais importante para um bebê em formação e nesses momentos de crise e desastres ambientais ele faz a diferença. Nada substitui o leite materno e isso é fato. Proteger as nossas crianças é um dever de todos.

O tema deste ano é "Amamentação: Segurança alimentar nas Emergências". Para saber mais eu recomendo dar uma passadinha no blog da Denise ou no site.

Outra questão que a Lola colocou e que eu concordo em todos os sentidos foi sobre a Lei Maria da Penha. Todos sabem do absurdo que é bater numa mulher. Alguns pensam que ainda vivemos numa sociedade patriarcal, que o homem manda e a mulher obedece. Alguns até chegam a pensar que bater na mulher é "normal".

Não, não é normal. É uma violência e uma dor que deve machucar além do corpo físico. Uma humilhação. Os filhos assistem impassíveis, choram e se traumatizam (e só Deus sabe o quê ou como se tornará uma criança dessas). E eis que uma pequena esperança de fazer justiça surge com a Lei Maria da Penha.

O absurdo é que vem agora: a Lei não tem sido aplicada da forma que deveria. E alguns juízes (homens, obviamente) com a mentalidade retrógrada (pra não dizer outra coisa) estão contrários a Lei!

Existe uma petição para que a Lei Maria da Penha seja de fato cumprida. Leia e assine aqui a petição. Sua participação é importante e vamos dar um basta bem grande nessa situação.

Bom, eu sou ativista ambiental. Participei de algumas ONG's quando ainda estava no Colégio. Agora, infelizmente, não tenho participado e sinto muita falta daqueles tempos. A minha faculdade tem um programa de instrução para escolas carentes que vou me inscrever segunda-feira e chama-se CECI (Centro de Cidadania) e provavelmente (ainda não tenho certeza absoluta) farei um curso para essas crianças sobre o Meio Ambiente e a importância de conservá-lo.

Lá na Lola eu vi que está tendo outra petição e dessa vez é da Greenpeace para que os principais líderes mundiais participem pessoalmente da COP-15. Sabia do COP-15, mas não sabia mais uma vez sobre essa petição. Minha nossa, me senti tão desinformada do mundo! (risos)

Para quem não sabe o COP-15 é uma conferência da ONU que vai ter na cidade de Copenhagen na Dinamarca do dia 7 ao dia 18 de Dezembro sobre as mudanças climáticas que estão tendo no mundo afora. As geleiras eternas estão derretendo é só ver as fotos, mas exitem pessoas que simplesmente não querem enxergar. É assustador, mas temos que ver a realidade de frente.

Quando assisti ao documentário "Uma Verdade Inconveniente" não vou mentir que fiquei extremamente assustada, mas a vontade de fazer alguma coisa foi maior ainda. Ficar parado não dá. Pelo menos vamos assinar a petição, gente. É rapinho.

É possível fazer a diferença é só não se acomodar. E, mais uma vez, valeu Lola pelo post!